This publication documents the first program of the AFRICA.CONT project, the cycle Cinema Africano: Novas Formas Estéticas e Políticas, curated by Manthia Diawara and Lydie Diakhaté. This project, which took place at Cinema S. Jorge between 27th March and 17th May 2009, resulted from a collaboration with Haus der Kulturen der Welt (Berlin, Germany). The volume contains the credits for the films presented, texts by José António Dias, Manthia Diawara and Lydie Diakhaté, as well as the transcripts of four panel discussions that were organized under following titles: African Cinema, Post-colonialism and Aesthetic Strategies of Representation; “Cinéma du Métissage”: Contemporary Cinema of the Diaspora; African Cinema in the Age of Television and Festivals; and Negritude.
“Durante esses quatro fins-de-semana fomos a plataforma que cria um espaço onde vozes africanas se fazem ouvir, em que africanos se dão a ver e se representam nos seus próprios termos e perspectivas. E em que ao mesmo tempo se repensam e se desconstroem os efeitos da colonização nas diferentes culturas e sociedades, colonizadas, antes e depois das independências. Pretendemos ser lugar para vozes descolonizadas, africanas e europeias.”
-José António Fernando Dias
“Presumo que uma das razões pelas quais é impossível falar de cinema africano sem primeiro falar de Sembène se prende com o facto de ter sido o primeiro realizador a valorizar o sujeito africano no cinema. Ao fazê-lo, iniciou uma batalha de David contra Golias para combater mais de sessenta anos de estereótipos racistas da imagem de África e dos africanos no cinema ocidental. Antes de Sembène, a maioria dos realizadores, mesmo os que eram solidários com o fardo dos africanos sob o jugo colonial, só conseguiam mostrar a humanidade destes africanos segundo o paradigma de uma linguagem cinematográfica hegemónica. Reproduziam assim filmes eurocêntricos com uma visão paternalista dos africanos.”
-Manthia Diawara
“O período das independências é caracterizado pela libertada do olhar e pela crítica dos valores impostos pelo colonialismo. Era necessário abandonar a visão dos antropólogos e reencontrar a identidade. Pode dizer-se, de uma forma muito geral, que o cinema africano se caracterizou, antes de mais, por uma vontade óbvia de realismo social, de educação moral e política e de reabilitação cultural. De facto, estava tudo por fazer no sentido de recusar o exotismo e a alienação colonial, pondo em primeiro plano o homem e a mulher africanos, com todos os seus valores sociais e culturais, abordando, porém, também os conflitos sociais, as desigualdades de classe, a dilaceração das consciências, a riqueza ou o peso das tradições vivas e renegadas.”
-Lydie Diakhaté
[Interested readers are advised that the texts featured in this volume have been published in Portuguese only.]