Exposição Coletiva para um Único Corpo — A Composição Privada (Lisboa, 2021)

Milan Adamčiak, Geta Brătescu, Josef Dabernig, Anna Daučíková, VALIE EXPORT, Stano Filko, Tomislav Gotovac, Sanja Iveković, Anna Jermolaewa, Július Koller, Jiří Kovanda, Katalin Ladik, Simon Leung, Dóra Maurer, Karel Miler, Paul Neagu, Manuel Pelmuş, Petr Štembera, Mladen Stilinović, Sven Stilinović, Slaven Tolj, Goran Trbuljak, Artur Żmijewski

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Coreografia de Manuel Pelmuş
Interpretação de Jack Hauser, Luiza da Silva Gabriel, João dos Santos Martins, Adriano Vicente
As performances terão lugar no jardim da Galeria Quadrum nos seguintes horários:
14h – 14h45
15h30 – 16h15
17h – 17h45
nas seguintes datas:
16, 17, 18, 22, 23, 24, 25, 29 e 30 de setembro
1, 2, 7, 8 e 9 de outubro 

As Galerias Municipais de Lisboa têm o prazer de anunciar a apresentação de Exposição Coletiva para um Único Corpo – A Composição Privada (Lisboa, 2021). A exposição apresenta obras da Kontakt Collection, de Viena, e inclui um importante grupo de obras de arte de natureza performativa do antigo Bloco Comunista, as quais nunca foram exibidas ou interpretadas em Portugal. Escapando à circulação comercial (ou seja, ao mercado da arte privado), estas obras e performances procuraram resistir ao conformismo ideológico do seu tempo e contexto.

O meta-score original “Collective Exhibition for a Single Body” foi apresentado pela primeira vez durante a documenta 14 (2017). “The documenta 14 Score” tomou a forma de dois acontecimentos separados, mas simultâneos e sucessivos: um em Atenas, na altura da crise da dívida soberana grega, e o outro em Kassel, na Alemanha. A intenção era, de seguida, descentralizar a interpretação da composição, apresentando-o no porto do Pireu, nos arredores de Atenas, adotando deste modo um deslocamento espacial em direção às margens semelhante ao que a mostra de arte internacional quinquenal tinha evidenciado ao deslocar-se geopoliticamente para a Grécia. A Kontakt Collection encomendou “Collective Exhibition for a Single Body – The Private Score” para a apresentar em Viena, em 2019. No mesmo ano, teve lugar uma nova apresentação no festival Playground, em Lovaina, na Bélgica.

A composição para as performances de “Collective Exhibition for a Single Body” chama a atenção para o local de enunciação da obra, nomeadamente os locais nos quais as performances são organizadas, seja em Viena, Lovaina ou Lisboa. O indivíduo (corpo único) não é relevante enquanto ser isolado – seja ele o artista criador da obra, o curador que a seleciona, o coreógrafo que a põe em marcha, o bailarino que a executa ou, por último, o visitante que testemunha a obra quando esta é apresentada. É no espaço em que se reúne um discurso coletivo (simetria entre os vários participantes) e um indivíduo (reversibilidade dos papéis) que se pode expressar uma arte democrática.

Esta terceira apresentação de “The Private Score” foi originalmente concebida para ter lugar na Rua do Poço dos Negros e zonas adjacentes, no bairro da Misericórdia, em Lisboa. O nome desta rua está possivelmente ligado à existência de uma carta régia de D. Manuel I, datada de 13 de novembro de 1515 e endereçada à cidade de Lisboa. Nela, D. Manuel escreve sobre a necessidade de se construir um poço para depositar os corpos de escravos mortos, em particular durante as pandemias. Esta medida, tomada na altura da expansão imperial portuguesa, refere-se aqui à crise contemporânea da pandemia de Covid-19, que sujeita os corpos a um regime sanitário. Descurada nos últimos anos por habitantes e comerciantes, a Rua do Poço dos Negros tem vindo a despertar novamente o interesse de investidores e turistas. A composição pretendia, deste modo, aludir à história colonial de Lisboa (monumentos, história urbana) e ao desenvolvimento recente de um paraíso Airbnb que forçou os residentes em direção à periferia.
Os regulamentos impostos para conter a atual epidemia impediram a criação das ligações históricas e políticas oferecidas por uma rua animada da baixa de Lisboa. Por conseguinte, foi tomada a decisão de apresentar a obra em torno do modernista complexo dos Coruchéus, em Alvalade, e nos jardins da Galeria Quadrum, com um grupo de performers locais: Luiza da Silva Gabriel, João dos Santos Martins, Adriano Vicente.

A transmissão dos gestos e a mediação das posturas iniciadas pelos artistas dos antigos países socialistas reunidos na Exposição Coletiva para um Único Corpo – A Composição Privada (Lisboa, 2021) requerem uma atenção especial ao contexto no qual os movimentos são reproduzidos. Esta participação simultaneamente sensual e intelectual implica conectar estas ações com os corpos sociais e o ambiente cultural que as acolhe.
Os performers serão orientados na execução dos gestos das obras de Exposição Coletiva para um Único Corpo – A Composição Privada (Lisboa, 2021) pelo artista e coreógrafo Manuel Pelmuş, sendo acompanhados pelo performer Jack Hauser, que ativou o score na sua primeira iteração em Viena, em 2019.

“The Private Score” foi encomendada pela Kontakt Collection e coproduzida pelo centro de coreografia e performance contemporânea Tanzquartier Wien. Foi ativada pela primeira vez em 2019, em Viena, na Áustria.

Um livro-guia concebido pela Atlas Projectos acompanha a Exposição Coletiva para um Único Corpo – A Composição Privada (Lisboa, 2021).

Exposição Coletiva para um Único Corpo – A Composição Privada (Lisboa, 2021) recebe o apoio de: Kontakt Collection (Viena), Instituto Francês de Portugal, OCA – Office for Contemporary Art Norway, Embaixada da Áustria em Lisboa e Instituto Cultural Romeno em Lisboa.

Descarregue aqui a Folha de Sala para Crianças.

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Jornal

Data
Título
Autor
14.12.2021
Considerações na sequência de “Exposição Coletiva para um Único Corpo — A Composição Privada (Lisboa, 2021)”
Tobi Maier (Galerias Municipais)