Galerias Municipais

Numa cidade como Lisboa em rápida mutação, as Galerias Municipais procuram potenciar o meio artístico e refletir a cultura contemporânea. São constituídas por cinco espaços, em rede e sem coleção: Pavilhão Branco, Galeria da Boavista, Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, Galeria Quadrum e Galeria Avenida da Índia. Com uma consciência particular do legado histórico e arquitetónico de cada espaço, a programação reflete a diversidade da criação artística e dos seus discursos, através de um programa que mantém uma competência transdisciplinar e transcultural. Nesse sentido, as Galerias Municipais procuram potenciar diferentes temporalidades através de exposições com durações variáveis, bem como encontros discursivos, performances, residências e publicações.

Galeria Avenida da Índia

A Galeria Avenida da Índia situada no Bom Sucesso, área de Belém assim denominada devido à existência ancestral de um convento homónimo, faz parte de um conjunto urbano de carácter industrial que remonta ao século XIX. Por volta de 1819/21, João Baptista Ângelo da Costa instalou nesta zona a Nacional Fábrica de Máquinas a Vapor. Esta daria origem à Fábrica de Moagem do Bom Sucesso (1884), localizada nas proximidades de um porto com o mesmo nome.

Em 1909, José António dos Reis, proprietário da Fábrica de Moagem e dos terrenos, manda construir novos armazéns designados pelas letras B, C e D – atualmente ocupados pela Galeria Avenida da índia (nº170), Karnart (nº168) e Centro de Arqueologia de Lisboa (nº166). Na década de 1920, as infraestruturas fabris do Bom Sucesso passam para a propriedade da Companhia Industrial de Portugal e Colónias, que nelas opera até ao final dos anos 30. Com a mudança desta Companhia para o Beato, na zona oriental de Lisboa, as instalações industriais do Bom Sucesso são postas à venda. Estabelecendo o limite oeste da Exposição do Mundo Português de 1940, o conjunto de edifícios junto à Avenida da Índia é então adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa (CML).

Na sequência do incêndio de 13 de julho de 1972 nos seus ateliês (no velho Pavilhão da Independência da Exposição do Mundo Português, junto à Estação Fluvial de Belém), os artistas Maria Helena Matos, António Cândido dos Reis, Carlos Amado e António Augusto Lagoa Henriques mudam-se para o antigo bloco de armazéns fabris. A cedência formal por parte da CML ocorrerá nos anos de 1978/80 e refere-se apenas ao nº 168 da Avenida da Índia – antigo armazém C – que terá sido compartimentado para albergar os artistas.

Até à sua morte, em fevereiro de 2009, o escultor Lagoa Henriques torna-se a figura tutelar que vai marcar a vivência do local (também conhecido como “Universo Lagoa Henriques”). Em 2001, a CML estabelece um acordo com o artista para a criação de um ateliê/museu no nº170 da Avenida da Índia, anterior armazém B. É lá que funciona atualmente a Galeria Avenida da Índia, recuperada pela EGEAC em 2015 e inaugurada pelas Galerias Municipais em novembro desse ano. Abriu ao público com a iniciativa “Retornar – Traços de Memória”, que assinalou os 40 anos da ponte aérea de 1975 entre Portugal e as ex-colónias.

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+351 211 941 466 (Chamada para a rede fixa nacional)
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Elétrico: 15
Autocarro: 728, 729

Galeria da Boavista

A Galeria da Boavista está localizada numa zona antiga da cidade. O edifício da galeria é uma construção do final do século XVIII e início do século XIX, que sofreu um conjunto significativo de alterações ao longo do tempo. Estas mutações foram consequência de um processo evolutivo determinado, por um lado, por mudanças ao nível funcional e marcado, por outro, pelas correntes estéticas em voga. Em 1910, um projeto de alterações origina a fachada atual e a configuração da entrada e da montra da loja, hoje galeria, com a sua ornamentação em ferro vermelho.

Este piso térreo fora originalmente uma ourivesaria pertencente ao proprietário do edifício, Alberto Carlos Florentino. Em 1946, a Sociedade de Aços e Metais Lda. estabelece-se no espaço da loja e ocupa também o 1º piso, hoje igualmente parte da Galeria da Boavista. A Câmara Municipal de Lisboa adquire o prédio à empresa Acail no ano 2000 e, entre 2004 e 2009, executam-se obras de beneficiação, reabilitação e requalificação do edifício. Após a conclusão destas remodelações, a galeria é cedida pela CML a diferentes entidades e agentes culturais que a programam até 2016, desenvolvendo exposições, performances, concertos, entre outras atividades. Durante esse período, a Galeria da Boavista foi também o espaço das galerias NOTE – Galeria de Arquitetura e Syntax.

No ano de 2016, a Galeria da Boavista foi integrada no grupo das Galerias Municipais/EGEAC, juntando-se às outras quatro já existentes: Galeria Quadrum, Pavilhão Branco, Torreão Nascente da Cordoaria Nacional e Galeria Avenida da Índia.

A Galeria da Boavista está instalada no mesmo edifício onde funcionam as Residências Boavista.

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+351 213473219 (Chamada para a rede fixa nacional)
Transportes
Metro: Cais do Sodré
Autocarro: 774
Elétrico: 25E

Galeria Quadrum

A Galeria Quadrum integra o complexo dos Coruchéus desenhado por Fernando Peres Guimarães e inaugurado em 1971. O espaço térreo do corpo sul – onde funciona a Galeria Quadrum – foi inicialmente concebido para servir de restaurante e bar de apoio aos 50 ateliês municipais dos pisos superiores. As fachadas de vidro condicionaram a conversão deste lugar em galeria, tal como proposto por Dulce d’Agro – artista que se transformou numa das mais importantes galeristas do país. Essa adaptação funcional ocorre logo em 1973, beneficiando da existência de uma série de espaços no subsolo e piso térreo que foram transformados em acervo e escritório.

Os panos de vidro ao comprimento das fachadas nascente e poente da sala de exposição exigiam alternativas expositivas menos convencionais. Tal obrigou, logo de início, à concepção de uma estrutura amovível de alumínio, com painéis forrados a feltro e preparados para expor formatos bidimensionais. A versatilidade deste dispositivo traduziu-se numa grande variedade de soluções de montagem.

A importância da Galeria Quadrum no tecido institucional português é muito significativa. A galeria será sempre recordada como espaço de promoção dos mais diversos experimentalismos, sobretudo na época entre o 25 de Abril de 1974 e o início da década de 1980. Durante esse período, a Quadrum apresentou, entre tantas outras propostas, ações performáticas de Ana Hatherly, José Conduto, João Vieira, Gina Pane ou Ulrike Rosenbach; poesia visual de E. M. de Melo e Castro e Salette Tavares; instalações de Ana Vieira, Alberto Carneiro, José Barrias e Irene Buarque; novas pesquisas em pintura, de artistas como Noronha da Costa, Álvaro Lapa, António Sena, Pires Vieira, Jorge Pinheiro ou Ângelo de Sousa.

Dulce d’Agro esteve à frente da galeria até meados dos anos 1990, sucedendo-se um período de direção informal, no decurso do qual António Cerveira Pinto desenvolveu linhas de programação entre 1999 e 2004. A Quadrum é gerida e programada pelas Galerias Municipais desde 2010.

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Metro: Alvalade
Autocarro: 727, 735, 736

Pavilhão Branco

O Pavilhão Branco situa-se nos jardins do Palácio Pimenta – edifício onde se encontra instalado o núcleo-sede do Museu de Lisboa. Obra que remonta à primeira metade do século XVIII, o palácio e respetivos jardins contrastam com o tecido urbano envolvente, que inclui elementos como um eixo de estradas da Segunda Circular, a Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e a interface de transportes urbanos do Campo Grande. Devido às limitações do Palácio Pimenta em hospedar exposições da Lisboa Capital Europeia da Cultura de 1994, foi construído primeiro o Pavilhão Preto nos jardins do palácio. Um ano depois, foi inaugurado o Pavilhão Branco, a 26 de julho de 1995, com a exposição “Azulejo Gráfico”.

O Pavilhão Branco apresenta uma arquitetura neomoderna, tendo surgido numa época em que foram erguidas algumas das fachadas pós-modernistas mais desenvolvidas da cidade. Desenhado pela arquiteta italiana Daniela Ermano, o pavilhão segue uma matriz paralelepipédica medindo cerca de 26m de comprimento, 10m de largura e 10m de altura. Ocupa uma área de implantação de 264,5m2 e é composto por dois pisos, totalizando cerca de 372m2 de espaço expositivo. Com fachadas maioritariamente em vidro, o edifício promove um forte contacto visual com os animais, plantas e árvores dos jardins, deixando o espectador com uma sensação de estar dentro e estar fora ao mesmo tempo.

O Pavilhão Branco apresenta exposições de arte contemporânea desde a sua abertura. Foi integrado nas Galerias Municipais no início de 2010.

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+351 215 891 259 ( (Chamada para a rede fixa nacional)
Transportes
Metro: Campo Grande
Autocarro: 701, 717, 731, 735, 736, 738, 747, 755, 767, 778, 783, 796, 798

Torreão Nascente da Cordoaria Nacional

O Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, localizado à beira-rio, perto de Belém, afirma-se como um espaço de valor histórico e patrimonial, enquadrado numa das primeiras áreas industrializadas de Lisboa. A Cordoaria Nacional surge como unidade manufatureira de grandes dimensões, na qual se fabricavam produtos essenciais às atividades marítimas. O edifício remonta à década de 1770 quando, por ordem do então Primeiro Ministro Marquês de Pombal, é decretada a construção da Real Fábrica de Cordoaria nos terrenos contíguos ao Forte de São João da Junqueira.

Seguindo um projeto atribuível ao arquiteto Reinaldo Manuel dos Santos, a planta distribui os diversos espaços funcionais de forma modelar, destacando-se o corpo central – longo e paralelo ao rio – onde estava instalada a oficina de cordame. Nas áreas adjacentes, funcionavam secções de tinturaria, engomagem, urdidura arranjada, velame, alfaiataria e bandeiras, tecelagem, materiais de limpeza, além de espaços de apoio como a carpintaria, a serralharia e os serviços administrativos. Após um início florescente, sucedeu-se um período de menor atividade fabril. Para dar um novo impulso à produção, foi proibida a importação de cordame. Em 1902 instalou-se numa parte do edifício a Escola de Medicina Tropical, passando a designar-se, em 1937, Instituto de Medicina Tropical.

Com cerca de 1.250 m2 de espaço expositivo o Torreão Nascente da Cordoaria Nacional foi estabelecido em 1995, através de um protocolo entre a Marinha Portuguesa e a Câmara Municipal de Lisboa. As Galerias Municipais organizam exposições neste espaço desde 2003. Uma livraria instalada no local disponibiliza o conjunto de edições relacionadas com os projetos expositivos das Galerias Municipais.

O Projeto e as obras de Renovação. 2020/2023

As obras de renovação do torreão nascente, pretendem recuperar o caracter original da arquitectura pré-industrial, com um desenho pombalino tardio. Redesenhar o espaço, criando um palco cenográfico sem sobressaltos perfeitamente adaptado às necessidades expositivas das galerias. Revelar a magnifica estrutura de suporte da cobertura, as asnas de madeira de enorme dimensão, originais à época da construção da Real Fábrica da Cordoaria e os forros dos tetos em saia-camisa emoldurados. A estrutura de suporte da cobertura, encontrava-se por detrás dos tetos rebaixados num plano continuo, ocultando a dimensão dos madeiramentos, e a harmonia do desenho da estrutura setecentista.

O projeto de arquitetura pretendeu desmontar o caracter abstrato do espaço encerrado entre planos cegos da anterior galeria, arrancando os painéis/paredes e tetos falsos e projetando dois ambientes contrastantes nos dois pisos do torreão; o piso térreo em sombra, valorizando a bela arcaria de pedra e o piso superior na luz plena, proveniente dos altos janelões ritmados das fachadas ao redor das três salas.

Beneficiámos de um conjunto de equipas de construção especializadas e fortemente vocacionadas para o trabalho de restauro de madeiras. A conjugação das vontades encontrou também na Marinha e também no Instituto José de Figueiredo, uma colaboração exemplar que nos permitiu através de exames especializados orientar os trabalhos de identificação das madeiras e da sua origem, orientar o expurgo, e as madeiras a ser introduzidas para completar as lacunas ou as novas a ser compatibilizadas.

Foi removido o amianto que cobria todo o piso superior, executado o saneamento de todas as estruturas interiores, redesenhado o espaço com uma organização em planta livre, restauradas as carpintarias, renovadas as infraestruturas elétricas, as telecomunicações e segurança contra incêndios, no seguimento das empreitadas e trabalhos, e finalmente instalada uma plataforma elevatória de escadas tornando acessível todo a área expositiva.

Executámos o fecho e reabilitação dos forros dos tetos no piso superior; reabrimos as portas interiores da planta original, procedemos a uma reorganização funcional e minimalista da galeria com a criação de salas de reservas em ambos os pisos, a zona expectante para a Instalação sanitária e uma copa/zona de trabalho, concertada com os novos projetos de infraestruturas elétricas, telecomunicações e SCI, definindo o acolhimento, redefinindo as áreas técnicas e a ligações com o pátio, IS a uso e serventias, com a construção de paredes lineares encravadas, destacando a arcaria preexistente e potenciando articulações futuras com outros espaços expositivos da FNC e finalmente a criação de uma zona de reservas no piso superior.

Sublinhamos a diferença contrastante entre um piso fechado em sombra (Piso 00) e um piso em que a luz solar jorra através dos grandes vãos, modelando a estrutura de suporte do telhado em altura e recuperando o caracter original do torreão à época da sua edificação.

Projeto de arquitetura: Arq. Sofia Abrantes GO/EGEAC

Desenho de luz: Arq. Sofia Abrantes GO e Arq. André Maranha GM

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Elétrico: 15E
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