– 15.09.2017
Percursos Intensivos é um programa dedicado em exclusivo a Manthia Diawara, autor maliano, da diáspora africana, que pretende proporcionar uma reflexão sobre a contemporaneidade africana através do conhecimento aprofundado da sua obra e do seu pensamento. Através da criação de uma espécie de criação de “sala de estudo” pretende-se que o visitante possa ver e consultar, de acordo com o seu próprio critério e motivação, os filmes e os livros da autoria de Diawara e outros ensaios com ele relacionados.
Manthia Diawara não é um desconhecido em Portugal. Em 2003, a convite da professora Manuela Ribeiro Sanches, fez a sua primeira palestra na Universidade de Lisboa e apresentou alguns dos seus filmes no Porto. Mais tarde, em 2007, no âmbito da representação portuguesa na 52ª Bienal de Veneza, colaborou com a artista Ângela Ferreira, o curador Jürgen Bock e realizou o filme Maison Tropicale, parte integrante desse projeto. A partir daí os laços com Portugal foram-se estreitando e a sua presença tornou-se mais assídua, sendo várias as vezes em que teve a oportunidade de aqui revelar o seu interesse por aquilo que se passa em África, nos EUA e na Europa, mas também sobre a arte contemporânea, a cultura visual, o pós-colonialismo e por todas as novas constelações de saber que estão em desenvolvimento e questionam a nossa perspetiva do mundo. Todas essas intervenções, de que se destaca a organização do ciclo de cinema africano AFRICAN SCREENS, em 2009, e no âmbito da atividade do AFRICA.CONT, culminaram na produção local dos seus filmes mais recentes, o último dos quais (Uma Ópera para o Mundo) é uma encomenda para a documenta 14, que se realizou em Kassel (Alemanha) e em Atenas (Grécia), entre abril e setembro de 2017.
Os seus filmes, que sem hesitação colocaríamos na categoria do documentário ensaístico, expõem de forma exemplar as reflexões de Diawara sobre temas tão distintos como a diáspora africana (In Search of Africa; Diaspora Conversations: from Gorée to Dogon), a vida contemporânea nas cidades africanas (Bamako Sigi-Kan; Conakry Kas), o cinema africano e o filme etnográfico (Sembène: the Making of African Cinema; Rouch in Reverse), as artes (Maison Tropicale), a literatura e filosofia africanas (Édouard Glissant: Um Mundo em Relação; Wole Soyinka e Léopold Senghor – um Diálogo sobre a Negritude) ou o exílio e a emigração (Who’s Afraid of Ngugi?; Uma Ópera do Mundo), em todos se ouvindo diferentes vozes que refletem sobre os problemas e as complexidades africanas, os seus ideais, as relações e confrontos com o mundo e os efeitos da globalização no continente.
– 15.09.2017