– 31.08.2021
As Galerias Municipais de Lisboa em parceria com a PORTA33, convidaram o Coletivo de Curadores da Pós-Graduação em Curadoria de Arte da NOVA-FCSH, a organizar uma exposição que procura explorar as especificidades do panorama criativo madeirense. Foi dado especial enfoque a uma nova geração de artistas, na sua maioria relacionados com a importante atividade curatorial e cultural da PORTA33 ao longo das últimas três décadas. Este projeto contou também com o apoio da Câmara Municipal do Funchal.
As multiplicidades do lugar foram o ponto de partida para este estudo da paisagem.
A fusão da terra e do mar faz-se nas ilhas, reflexos das estrelas na água. Recheadas de paradoxos, as múltiplas realidades são frutos colhidos de sementes cultivadas em diferentes tipos de solo. Oscilando sempre entre a ilha-paraíso e a ilha-prisão, o humano e o natural relacionam-se de maneira diferente. Há individualidade em cada linha do horizonte, dando espaço a uma construção poética de geografias ficcionadas. Uma cristalização de ecos de naufrágios e das espumas que dão à costa.
O limite é a viagem.
O calor brando relembra heranças de tempos idos e desejos de um outrora imaginado. Os novelos de lã da bruma, entre as montanhas, recordam o inalcançável e o catastrófico. Pinceladas de florestas e paisagens humanas acompanham os passos, lado a lado com rochedos e penhascos: espaços de dura vulnerabilidade. Se acordar é recordar, a paisagem está sempre desperta.
A (i)materialidade da criação artística apresenta-se como um prolongamento de uma paisagem cultural própria. Tomando as obras como parte de um rasto comum, recria-se uma linguagem de ficções por espaços não-fixados, em práticas discursivas singulares.
A este imaginário coletivo podemos acrescentar a condição bastante real da Madeira – elemento comum a todos os artistas – como margem sujeita a um processo de exotificação, que surge de fora para dentro, talvez como memória de um lugar natural, original, paradisíaco.
Mas, o que traz cada um da sua paisagem?
A construção humana é, afinal, também feita de silêncios, numa fome de fala que o discurso criativo pode ecoar. O presente conjunto de trabalhos pode referenciar a ilha, mas não pretende estar condicionado por ela. Especulam-se novas relações e constroem-se outros arquipélagos de sentido.
Coletivo de Curadores
Ana Carolina Valente, Ana Sofia Pascoal, Beatriz Freitas, Beatriz Hilário, Catarina Rebelo, Elena Bianchi, Georgia Quintas, Inês Almeida, Jesse James, João Firmino, Laurinda Marques, Maria Helena Carvalho, Paula Gasparetto, Paulo Fernandes, Rita Cêpa.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Emprestadores
Balcony – Contemporary Art Gallery, Carolina Vieira, Coleção Duarte Garcez, Coleção Figueiredo Ribeiro – Quartel da Arte Contemporânea de Abrantes, Duarte Ferreira, Eduarda Rosa, Filipa Martins, Fundação Bienal de Arte de Cerveira, Fundação Carmona e Costa, Galeria Lehmann + Silva, Galeria dos Prazeres, Hugo Olim, Joana Viveiros, José Maria Amador, Juan Barros, MUDAS – Museu de Arte Contemporânea da Madeira, Nuno Henrique, PORTA33, Sara Rodrigues, Tiago Casanova, Vítor Magalhães.
⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Agradecimentos
A todos os artistas, instituições e colecionadores privados que emprestaram obras para esta exposição.
Emília Tavares, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa, Instituto de História de Arte, Liliana Coutinho, Câmara Municipal do Funchal, PORTA33 (Maurício Reis e Cecília Freitas), Sandra Vieira Jürgens.
Descarregue aqui a Folha de Sala para Crianças.
– 31.08.2021