– 20.05.2018
Sábado e domingo: 14h-18h
Resultante de várias visitas ao ateliê de Eurico Gonçalves, situado no complexo de ateliês da CML, nos Coruchéus, por cima da Galeria Quadrum, onde o artista chegou a expor há várias décadas – 1978 –, esta exposição, organizada pelas Galerias Municipais/EGEAC em articulação com a Direção Municipal de Cultura da CML, mostra uma seleção alargada de trabalhos inéditos – pinturas sobre papel –, do início da década de 1960, que são identificados pelo próprio artista como sendo obras de pintura gestual, informal e/ou caligráfica de inspiração Zen.
Estas obras estiveram na posse de Rui Mário Gonçalves, conhecido crítico e historiador da arte, irmão do artista, até à sua morte, em 2014. Influenciadas pelo surrealismo e dadaísmo, e também pela filosofia budista Zen – em 1963, D. T. Suzuki, autor Zen japonês, foi nomeado para o Prémio Nobel da Paz –, as propostas de Eurico Gonçalves, desde há muitas décadas, desenvolvem pressupostos plásticos e pictóricos automáticos, espontâneos, por vezes marcadamente informais, de cariz anti académico, numa formulação que a partir da década de 1960 dá origem a um abstracionismo lírico, gestual, de carácter muito intuitivo.
Expondo a nudez do suporte – papel –, Eurico Gonçalves, usando apenas tinta-da-china, valoriza as qualidades semióticas das manchas sobre o papel e pensa no trabalho do artista como uma forma de abordar a vida e o seu fluxo, sublinhando a continuidade entre arte e vida, com diferentes intensidades, vazios, dinâmicas e ritmos.
Os mais de cinquenta desenhos expostos mostram, assim, um pequeno período de experiências levadas a cabo por Eurico Gonçalves, fortemente marcado pelas propostas plásticas internacionais que circulavam pelo tecido cultural europeu e internacional – o próprio artista assume as suas várias influências – que resultam essencialmente da relação entre o inconsciente e a vitalidade do gesto criativo, mais e menos contido, fomentando o livre fluir do material pictórico, valorizando as intervenções do acaso, negando a forma, na construção de uma obra “sem correção nem retoque que, quanto a mim, encontra afinidades com a atitude vitalista Dádá”, como refere o próprio.
– 20.05.2018
Sábado e domingo: 14h-18h