– 29.02.2016
A exposição Retornar – Traços da Memória assinala os 40 anos do momento que ficou conhecido por retorno de nacionais à antiga metrópole na sequência dos processos de descolonização das colónias portuguesas em África, e que conheceu o seu auge com a ponte aérea de 1975.
Entre 1974 e 1977 a maioria dos portugueses ou luso-descendentes abandona os territórios outrora parte do Império Colonial Português. A estes portugueses atribui-se a designação de “retornados”, um termo que adquire uma conotação pejorativa que denuncia as tensões que acompanham o fim do colonialismo português em África, o regresso desta população à antiga metrópole, bem como o seu acolhimento numa sociedade em profunda transformação social e política.
A exposição Retornar não pretende consagrar o nome que foi dado na história a estes deslocamentos, mas convidar a um movimento que permita criar pensamento, reflexão e disponibilidade para olhar as tensões, contradições e perplexidades que os acompanharam.
Retornar não pretende também reconstituir a história. É antes uma exposição sobre a memória do retorno e, por relação, sobre a memória do império — e da potência do seu fim — na sociedade portuguesa contemporânea. Uma memória feita de fontes históricas, testemunhos pessoais, fotografias e conceitos artísticos.
Retornar é pensada de forma a dar corpo a essa complexidade. Tendo por objetivo constituir-se um momento de reflexividade e de pensamento crítico, não fornece uma interpretação, mas interrogações simultâneas quer sobre a condição pós-colonial quer sobre a condição humana de apropriação, exploração, deslocamento de perda. Apresenta olhares cruzados, originários de diferentes campos da arte, da literatura, da antropologia, da história, da política, para pensar e refletir sobre esta memória a partir do seu lastro no tempo presente.
– 29.02.2016