Sem Pressa de Chegar

Sara Chang Yan

sara chang yan sem pressa de chegar galerias municipais capa
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As Galerias Municipais apresentam Sem pressa de chegar, exposição individual de Sara Chang Yan, com curadoria de Sara Antónia Matos e Pedro Faro, na Galeria da Boavista. O título “Sem pressa de chegar” é uma frase retirada de um trabalho de som que Sara Chang Yan apresenta nesta exposição e serve como mote para pensar a forma como a artista tem trabalhado o espaço e o tempo do desenho nas práticas artísticas contemporâneas. O seu trabalho põe em relevo a disponibilidade para fazer e ver o que cada traço, incisão, marca, reflexo, pode conter. Daí poder-se dizer que o seu trabalho e modus operandi envolvem um modo de desaceleração em relação à realidade. Sem pressa de chegar a nada definitivo?

Trabalhando o desenho em diferentes suportes – papel, vídeo, som, sobre a parede, no espaço e através dele, muitas vezes adquirindo a forma de instalações – a artista explora modalidades de registo e de presença de aspectos muito subtis como a luz, a sombra, a transparência ou a opacidade, a intensidade das coisas e não tanto as coisas em si. Poderão as suas obras ser pensadas como equações energéticas do espaço?

Podemos dizer que Sara Chang Yan desenha mais o espaço do que os objectos. Segundo a artista: “Quando olho para o mundo, acho que não chega, tem que haver mais do que isto. Interessa-me um gesto que é qualitativo.” As obras propõem assim capturar a qualidade interna que as move, que as faz viver. “Parece-me que a vida acontece em estados que não são visíveis nem materiais”. A artista interroga sobre como o estado interno de cada um pode mudar a realidade. Com uma preocupação ontológica, os seus desenhos procuram entender ou dar forma ao complexo estrutura-movimento-vibração, muitas vezes invisível, equacionando estados e termos como: intuição, intenção, vazio, consciência, evidência, ser.

Cada obra de Sara Chang Yan forma-se a partir do que fica entre o visível e invisível, o material e o imaterial, o tangível e o infinito. Cada desenho gera evidências e momentos de consciência não tanto sobre a figura de objectos ou sobre a sua representação mas sobre as suas qualidades, propriedades internas, movimentos e vibrações que antecedem a forma. Será que o assunto que lhe interessa é anterior ao pensamento?

No desenho de Sara Chang Yan surgiram, a partir de certa altura, uma diversidade de gestos sobre o papel: cortes, relevos, camadas densas e translúcidas. O desenho saiu da folha de papel, da parede e colocou-se no espaço – como que adquirindo a qualidade de uma equação energética, assim testando a resistência do espectador face à sua quase imaterialidade – ao seu quase nada, quase inexistência – e ao abrandamento que o desenho impõe.

Sara Antónia Matos e Pedro Faro

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Programa Público

Data
Título
Com/de
Categoria
Local
20190706
06.07.2019
Visita guiada por Sara Chang Yan
Sara Chang Yan
Visita Guiada
Galeria da Boavista
20191011
11.10.2019
“Sem Pressa de Chegar” na Drawing Room
Sara Chang Yan, João Queiroz, Tobi Maier
Lançamento de publicação
Sociedade Nacional de Belas-Artes

Publicação

Título
Textos de
Sem pressa de chegar
Sara Antónia Matos, Pedro Faro e João Queiroz