– 29.10.2017
Sábado e domingo: 14h - 18h
Esta exposição mostra o resultado de um workshop, no qual se entregou a cada participante uma goiva, um maço e uma viga de tília de medidas regulares com o objetivo de a transformar numa escultura básica, ou pelo menos era isso que se dizia no enunciado da candidatura. Concebi este workshop achando que uma semana bastaria para talhar tanta madeira. Também pensei que os participantes teriam as mesmas referências que eu ao pensar numa “escultura básica”. Até fantasiei ingenuamente que acabaria por mostrar dez versões “brancusianas” ou “hepworthianas” e que depois poderia jogar com todas essas “esculturas genéricas modernas…”
Mas dei aos participantes total liberdade. Cada um teve uma ideia muito concreta sobre o que queria fazer e a quase nenhum lhe ocorreu fazer referência à escultura moderna. Enfim, surgiram bombas, pilas, cortes insinuantes, cavidades, formas geométricas. Tive de me resignar perante o facto de que é difícil fugir à escultura fálica, sobretudo quando o material dado já potenciava isso. Tive de me resignar sobretudo perante o facto de que dez pessoas são dez pensamentos individuais.
Uma semana não bastou para acabar as esculturas, com a exceção de dois ou três casos, com pessoas que tinham um grande rigor de trabalho ou obras que não exigiam tanto labor. Tive que conceder-lhes uma semana extra para poderem terminar, e além disso, até houve casos em que levaram as esculturas para casa. Também houve nódoas negras, dores de costas, e tudo o que implica talhar a madeira manualmente. Mas o desafio maior foi transformar uma forma regular pré-existente numa outra forma do seu interesse e isso exige tomar decisões.
Nesta sala vemos dez esculturas, ou dez ensaios de escultura, ou dez primeiras vezes. Estão apresentadas numa linha transversal, com intervalos regulares, cada uma tem uma posição específica, mas estão todas expostas com igual tratamento. Afinal, isto é a única coisa que consegui controlar. Creio que o mais interessante desta experiência é isso mesmo: a experiência. Cada participante teve que aprender a usar ferramentas, a respeitar o material, a ter paciência. Teve que aprender sobretudo que uma forma se constrói, se integra, se pensa, se faz e se pensa fazendo-a.
– Claire de Santa Coloma
A exposição inclui peças de Francisco Correia, Catarina Domingues, Débora Duarte Silva, Maria Forte, Antonia Gaeta, Rodrigo Gomes, Hugo Lami, Tiago Mendonça, Raquel Monteiro Soares e Francisco Soares.
– 29.10.2017
Sábado e domingo: 14h - 18h