A Galeria Avenida da Índia situada no Bom Sucesso, área de Belém assim denominada devido à existência ancestral de um convento homónimo, faz parte de um conjunto urbano de carácter industrial que remonta ao século XIX. Por volta de 1819/21, João Baptista Ângelo da Costa instalou nesta zona a Nacional Fábrica de Máquinas a Vapor. Esta daria origem à Fábrica de Moagem do Bom Sucesso (1884), localizada nas proximidades de um porto com o mesmo nome.
Em 1909, José António dos Reis, proprietário da Fábrica de Moagem e dos terrenos, manda construir novos armazéns designados pelas letras B, C e D – atualmente ocupados pela Galeria Avenida da índia (nº170), Karnart (nº168) e Centro de Arqueologia de Lisboa (nº166). Na década de 1920, as infraestruturas fabris do Bom Sucesso passam para a propriedade da Companhia Industrial de Portugal e Colónias, que nelas opera até ao final dos anos 30. Com a mudança desta Companhia para o Beato, na zona oriental de Lisboa, as instalações industriais do Bom Sucesso são postas à venda. Estabelecendo o limite oeste da Exposição do Mundo Português de 1940, o conjunto de edifícios junto à Avenida da Índia é então adquirido pela Câmara Municipal de Lisboa (CML).
Na sequência do incêndio de 13 de julho de 1972 nos seus ateliês (no velho Pavilhão da Independência da Exposição do Mundo Português, junto à Estação Fluvial de Belém), os artistas Maria Helena Matos, António Cândido dos Reis, Carlos Amado e António Augusto Lagoa Henriques mudam-se para o antigo bloco de armazéns fabris. A cedência formal por parte da CML ocorrerá nos anos de 1978/80 e refere-se apenas ao nº 168 da Avenida da Índia – antigo armazém C – que terá sido compartimentado para albergar os artistas.
Até à sua morte, em fevereiro de 2009, o escultor Lagoa Henriques torna-se a figura tutelar que vai marcar a vivência do local (também conhecido como “Universo Lagoa Henriques”). Em 2001, a CML estabelece um acordo com o artista para a criação de um ateliê/museu no nº170 da Avenida da Índia, anterior armazém B. É lá que funciona atualmente a Galeria Avenida da Índia, recuperada pela EGEAC em 2015 e inaugurada pelas Galerias Municipais em novembro desse ano. Abriu ao público com a iniciativa “Retornar – Traços de Memória”, que assinalou os 40 anos da ponte aérea de 1975 entre Portugal e as ex-colónias.