Esta conversa apresenta o trabalho de Maria Altina Martins e Fernando Marques Penteado. Os artistas estarão em diálogo com o curador da exposição e diretor das Galerias Municipais Tobi Maier. Por ocasião do evento, as Galerias Municipais lançarão o fanzine da exposição, editado em colaboração com a designer Ana Baliza.
A tapeçaria de Maria Altina Martins foi profundamente influenciada por uma longa estadia no norte da Índia, na cidade de Varanasi, considerada a capital espiritual do país. Altina Martins explora os temas da maternidade, da fertilidade e da natureza através da experimentação contínua das possibilidades da fibra e do tecido. “Caravela”, “Ártico”, “Plâncton” e “Vento” incorporam fibras de algodão, lã e seda, inox, cobre, madeira, vidro, acetato e diferentes tipos de papel. Os trabalhos viscerais de Altina Martins são uma memória vívida das possibilidades da amálgama material na arte têxtil.
Combinando o bordado com objetos e textos encontrados, muito do trabalho recente do artista luso-brasileiro Fernando Marques Penteado é inspirado em romances policiais, que se desdobram e se traduzem na criação de personagens imaginadas. Para esta exposição, Marques Penteado projetou um novo corpo de trabalho inspirado nas vindas frequentes a Portugal desde os anos 70, e num período de residência no Porto, entre 2014 e 2018. A instalação intitula-se “Culturas em um mapa” e contém mapas, bandeiras e legendas bordadas. O desenvolvimento deste corpo de trabalho teve como ponto de partida os mapas ROTEP do Turismo de Portugal, dos anos 50 e 60, que o artista adquiriu num alfarrabista em Lisboa. Cada mapa ROTEP descreve um dos 272 concelhos de Portugal. O seu desenho original, com informação precisa e acompanhada de curiosos comentários, inspirou o artista. Marques Penteado selecionou oito concelhos e interpretou-os em desenhos e bordados, resultando uma instalação que concetualmente oferece várias entradas: da etnografia à topografia, da arqueologia à história, e o atual papel do turismo para o país. Outras obras da série bordadas à mão, em algodão e lã, retratam as profissões tradicionais do Pescador ou da Lavadeira, animais como a lagosta e indústrias como a destilaria e a exploração mineira. Se, à primeira vista, “Culturas em um mapa” parece referir-se ao contexto português imediato, encontra também tradução numa das áreas favoritas de Marques Penteado: os magnéticos signos do zodíaco.