As Galerias Municipais tem o prazer de anunciar o lançamento da publicação 14-21, de Duarte Amaral Netto. A exposição está patente na Galeria Boavista até 26 de Setembro.
A exposição de Duarte Amaral Netto, 14-21, nas Galerias Municipais, abrange um ciclo de sete anos entre 2014 e 2021. A representação deste enquadramento temporal abre com fotografias tiradas pelo artista durante uma viagem de uma semana desde o Norte ao Sul de Portugal em plena crise de 2014 e durante as intervenções da Troika Europeia/F.M.I. no país. A exposição fecha com um novo filme que constitui uma avaliação crítica do mercado imobiliário, que aparentemente liderou a saída dessa crise de Estado (para alguns) e resultou numa crise de alojamento (afetando outros) durante os anos que se seguiram, acompanhando-nos até aos dias de hoje.
Esta publicação junta dois textos novos em paralelo com reproduções dos trabalhos produzidos para a exposição na Galeria da Boavista. Sob o título NEW GREY YEARS (he wanted to know who we are) [NOVOS ANOS CINZENTOS (ele queria saber quem nós éramos)], João Seguro apresenta o trabalho de Duarte Amaral Netto, recorda a viagem de José Saramago de 1979/1980 desde o Norte ao Sul de Portugal, e traça os momentos de reviver a memória de pobreza económica, divisões sociais e desemprego desenfreado durante a década de 2010 em Portugal. Seguro faz a ligação entre a série fotográfica de Amaral Netto, Recta (2014), e o novo trabalho, Raquel (2020), ambos fazendo ressonância dos fenómenos socioeconómicos portugueses que cunharam as épocas em que foram produzidos, com linguagens fotográficas desenvolvidas por Allan Sekula e Martha Rosler, bem como noções do Outro tal como elas são expressas nos escritos de Gilles Deleuze e Jacques Derrida.
O ensaio da arquiteta e investigadora Ana Gago para esta publicação introduz especificamente a forte co-dependência entre turismo e pobreza e os resultantes preços do imobiliário e do arrendamento, que atendem a um mercado global em que os habitantes locais que recebem uma remuneração média são incapazes de encontrar alojamento a preços acessíveis ou de terem oportunidade de ser proprietários de casa própria. Gago explica habilmente o sobreturismo («turismo excessivo») que assombrou Lisboa (bem como o Porto e o Algarve) nos anos que antecedem a pandemia COVID-19.
A exposição, bem como este livro, pode assim ser considerada enquanto documentação da passada década, um incentivo que nos diz que a mudança é possível e um convite para desenvolver colaborativamente as ferramentas que nos ajudam a moldar uma cidade sustentável, inclusiva e diversa, que não se deixa tornar dependente de apenas um qualquer tipo de economia.
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