A visita com Alfredo Cunha integra o programa público da sua exposição “Tempo Depois do Tempo”. A exposição efetua um percurso pela sua obra que em números são mais de 500 fotografias. Entre elas, muitas imagens que ficaram na história do nosso país desde ainda antes do 25 de abril de 1974, e que nos ajudam a compreender melhor a essência do que é Portugal. Alfredo Cunha fotografou Salgueiro Maia durante a manhã que nos devolveu a liberdade e foi autor de outras imagens icónicas, como a dos contentores chegados das colónias ao Padrão dos Descobrimentos, ou a das “estátuas às fatias” (ver foto “São Tomé e Príncipe 1975”). Apercebendo-se de que estava a viver um momento histórico importante, sentiu a necessidade de registar a descolonização portuguesa, naquela que considera ter sido a sua primeira grande reportagem.
Alfredo Cunha soube ainda captar desde factos históricos a rostos anónimos, pelo mundo inteiro, com um olhar atento e aberto ao outro e às suas circunstâncias. Da queda de Ceauşescu, na Roménia (em 1989) ao Iraque (onde esteve pela primeira 2003 e voltou amiúde nos últimos 10 anos), Alfredo Cunha esteve lá – assim como a fazer reportagem de guerra nos pontos quentes do globo. Contribuiu para vários meios de comunicação social e decidiu terminar formalmente a carreira de jornalista, em 2012, abandonando os cargos de editor e de diretor de fotografia, passando a ser fotojornalista freelancer. Neste âmbito, participou no grande projeto comemorativo dos 30 anos da AMI “Três Décadas de Esperança”, que o levou a percorrer, com Luís Pedro Nunes, países como a Niger, a Roménia, o Bangladesh, a Índia, o Haiti, o Sri Lanka, a Guiné Bissau e o Nepal, e de que resultou o seu último livro: “Toda a esperança do mundo”. Tendo publicado estas reportagens no Expresso e no Público, o autor considera ter praticado uma nova forma de jornalismo: o humanitário.