16h - Galeria Avenida da Índia
Ernesto de Sousa (1921-1988) foi uma figura multifacetada e muito importante da vanguarda portuguesa, artista, poeta, crítico, curador, editor, cineasta e promotor de ideias e expressões artísticas experimentais. A exposição Ernesto de Sousa, Exercícios de Comunicação Poética com Outros Operadores Estéticos organizada por ocasião do centenário do nascimento de Ernesto de Sousa, pretende prestar homenagem à sua abordagem caleidoscópica da arte através de um diálogo intergeracional e trans-histórico com a sua obra e os seus arquivos. A exposição continua patente até 27 de Fevereiro.
No domingo, 20 de fevereiro, a curadora Lilou Vidal, conduzirá duas visitas às exposições nas Galerias Municipais – Galeria Quadrum e Galeria Avenida da Índia.
Galeria Quadrum, 11h
Por ocasião da visita à exposição revisitada de Ernesto de Sousa A Tradição como Aventura, realizada na Galeria Quadrum em 1978 no mesmo local quarenta e três anos depois, a curadora Lilou Vidal convida Mariana Pinto dos Santos para uma leitura experimental em duo, refletindo a apropriação literária e alteração de um texto através de uma abordagem linguística de género. O texto de Santo Agostinho (As Confissões), intitulado e corrigido Changement de genre por Ernesto de Sousa sofreu uma visível transformação textual e modificação semântica e é conjugado no feminino enquanto que a palavra “Deus” é substituída por “Revolução”.
Mariana Pinto dos Santos é uma Historiadora de Arte do Instituto de História de Arte da Universidade Nova e uma editora.
Galeria Avenida da Índia, 16h
Visita pela curadora Lilou Vidal seguida de uma leitura em torno da obra fotográfica e poética Olympia (1979), em diálogo com Tobi Maier. Olympia consiste numa série de fragmentos – de partes do corpo, de imagens da natureza, e de textos que podem ser lidos como um poema multilingue – sem hierarquia entre línguas e pontuação. Composto a partir de uma sequência de palavras, este poema visual parece derivar tanto de anotações como de uma contaminação das línguas e dos deslizes e escorregas de um género no processo de se tornar. Ernesto de Sousa não tinha qualquer interesse real na autonomia ou na unicidade da imagem fotográfica. A imagem segue a mesma regra que a construção da língua e pode repetir-se a si mesma. Tal como as palavras de uma frase, o processo de leitura (de olhar) a imagem amplifica o significado. A narrativa enigmática depende de cada combinação de imagens e pode reaparecer em outras obras e com outros textos.
16h - Galeria Avenida da Índia