Catálogo da exposição Ernesto de Sousa, Exercícios de Comunicação Poética com Outros Operadores Estéticos, que decorreu na Galeria Quadrum & Galeria Avenida da Índia entre 27 de novembro de 2021 e 27 de fevereiro de 2022, com curadoria de Lilou Vidal. A publicação é constituída por um livreto com fotografias da exposição, e um livro com textos de Hugo Canoilas, Tobi Maier, José Miranda Justo, Paula Parente Pinto, Ernesto de Sousa e Lilou Vidal, fotografias dos projetos artísticos e curatoriais desenvolvidos por Ernesto de Sousa, assim como documentação de arquivo sobre os mesmos.
“Era sobretudo a organização de exposições que estava a abrir caminho para que a arte de vanguarda fosse produzida e colocada em relação social com os seus públicos em Portugal. Se quisermos prestar homenagem a Ernesto de Sousa mo seu centenário nas Galerias Municipais – Galeria Quadrum e Galeria Avenida da Índia, então estamos também a rever o seu trabalho frequentemente colaborativo através da lente de uma geração de artistas mais jovens.”
– Tobi Maier
“Percorrer a obra colossal de Ernesto de Sousa, significa aceitar um sentimento de incompletude e submeter-se a uma deriva nas águas delicadas de uma heterogeneidade na qual a ambivalência, as variações e uma estética fragmentada recordam as forças produtivas e não redutíveis das trajetórias múltiplas que emergem da poética da «obra aberta».”
– Lilou Vidal
“A importância do legado de Ernesto de Sousa define-se pela forma como continua a albergar novas leituras. Os seus estudos de arte popular, e a forma como entrelaça esta com vários momentos de arte (do Românico ao Gótico) possibilitam uma não-linearidade histórica, criando a simultaneidade de passado, presente e futuro. O passado é o anacronismo libertador que nos oferece um outro desprovido de sentido. Isto porque nós viajamos do futuro para o passado para que a obra aconteça.”
– Hugo Canoilas
“Mas o que mais importa neste contexto e na operatividade estética de Ernesto é o facto de se abrir diante de nós um campo verdadeiramente não-(de)limitável para o crescimento desmesurado da criatividade e para a aniquilação (digamos assim, potencial) da morte.”
– José Miranda Justo
“O seu trabalho caracterizou-se pela livre associação entre pessoas; foi um «operador estético» sem definição de fronteiras entre o registo das experiências de outros e a sua visão, procurando ampliar o campo cultural e estender o suporte artístico para o contexto social, o verdadeiro media do seu trabalho.”
– Paula Parente Pinto
“Agora a obra de arte tem que voltar a ser o verbo original, ou o grito – como diria Raul Brandão – responsável e comprometida com a sua própria aventura inauguradora do mundo. Concretamente, a obra de arte terá que voltar a ser a palavra que rompe o silêncio entre mim e outrem. Isto significa efectivamente uma volta à oralidade, que a civilização das bibliotecas e da imagem-rainha longamente interrompeu.”
– Ernesto de Sousa