O catálogo Manthia Diawara: Percursos Intensivos reúne um programa dedicado em exclusivo ao autor maliano, da diáspora africana, que pretendeu proporcionar uma reflexão sobre a contemporaneidade africana através do conhecimento aprofundado da sua obra e do seu pensamento. Este programa incluiu também um ciclo de “Palestras em Torno dos Filmes”, com a participação de Manuela Ribeiro Sanches, Ângela Ferreira e Jürgen Bock, António Tomás, Mamadou Ba e Manthia Diawara. A exposição, instalação de uma espécie de “sala de estudo”, onde os filmes e livros da autoria de Diawara se encontravam disponíveis para a consulta do visitante, esteve patente na Galeria Avenida da Índia entre 12 de maio e 15 de setembro de 2017. Esta publicação reúne o texto institucional de Sara Antónia Matos e a transcrição da participação de Manuela Ribeiro Sanches, António Tomás, Mamadou Ba e Manthia Diawara.
“Para quem teve o privilégio de o ouvir in Locu, mas também para quem o não teve, esta publicação permitirá revisitar as palavras e a voz única do autor, professor e autoridade na matéria, através da transcrição da conversa que teve lugar na Galeria Avenida da Índia – um momento que, por certo, marcará o currículo desta Galeria Municipal e ajudará a definir as suas linhas de programação.”
– Sara Antónia Matos
“As notas que se seguem – muito subjetivas, mas espera-se, também, informativas – foram pensadas como introdução à obra de Manthia Diawara. Convite ao aprofundamento de um pensamento mais complexo do que a simplicidade da sua linguagem – só aparente para o leitor menos atento – poderá levar a crer.”
– Manuela Ribeiro Sanches
“O que aqui vou fazer, tendo em consideração o tempo que me foi dado, é discutir alguns aspetos da Negritude, tema que é revisitado pelo Manthia Diawara através do diálogo entre Léopold Sédar Senghor (1906-2001) e Wole Soyinka.”
– António Tomás
“Para mim, falar sobre o Manthia Diawara é um depoimento político. Falar sobre a sua obra, olhar para ela do ponto de vista de um sujeito da diáspora, que é o que eu sou – a minha história não conta muito, mas sou filho de emigrantes da Guiné Conacri, que nasceu no Senegal e cresceu na Guiné Conacri, depois na Guiné Bissau e em Portugal – é para mim muito importante.”
– Mamadou Ba
“É um título longo, mas que faz parte da própria comunicação. Chamo-lhe “Procurando um Lugar, Procurando uma Voz, Procurando Liberdade”, e é um título derivado diretamente da definição de opacité, de Edouard Glissant. Ele considerava que qualquer opacidade é uma busca de um lugar e que, quando um lugar encontra o seu lugar, este se torna livre. Por isso, sinto-me entusiasmado com a expetativa de encontrar esse espaço livre para mim. E acho que esta é uma boa maneira de explicar o meu trabalho.”
– Manthia Diawara