O Colecionador de Belas-Artes

“Se por um lado citamos explicitamente a série de 15 pinturas — O Coleccionador de Belas Artes — que António Areal expôs em 1971, referindo-nos técnica e formalmente a este conjunto, por outro, as obras que preenchem os quadros que aqui apresentamos são provenientes de coleções privadas reais, sediadas em Portugal e constituídas ao longo das últimas décadas. Assim, o conjunto das obras que surgem em cada composição resulta de um diálogo direto, por vezes continuado, com cada um dos colecionadores que respondeu ao nosso repto, aceitando partilhar connosco uma seleção de obras do seu acervo, pelas quais nutrissem um afeto particular.”
– Sara & André

“As obras desta dupla de artistas têm procurado trabalhar questões de apropriação, autoria e legitimação, estabelecendo redes de interdependência direta com o trabalho de outros artistas e agentes. Revelando práticas e vícios discursivos, mais e menos preponderantes, o trabalho desta dupla tem posto em evidência aspetos variados do sistema da arte, nomeadamente mecanismos de sucesso e de notoriedade.”
– Sara Antónia Matos, Pedro Faro

“O Colecionador de Belas Artes evidencia que Sara & André não se limitam a uniformizar colecionadores à luz do enquadramento e da métrica de António Areal. Quando a literatura denuncia parca atividade colecionista e parodia o desconhecimento das artes a comprar por parte dos colecionadores na senda dos escritos de França, Sara & André pedem revisão àquele diagnóstico, expondo um sólido conjunto de colecionadores hoje. A dupla de artistas distendeu o processo criativo de Areal, aumentando a série em número e em narrativa, expandindo o conceito, e apresentando colecionadores concretos e coleções pela primeira vez ao público. Outras coleções poderiam ter sido adicionadas, numa manifesta incompletude. Porém, a escolha de O Colecionador de Belas Artes por Sara & André e a sua natureza inacabada é um claro sinal de vitalidade da praxis colecionista.”
– Adelaide Duarte

“Como funciona (no contexto nacional e internacional actual) a iniciativa de Sara & André, quando se apropriam de um projecto que tinha como intenção comentar e intervir directamente no seu tempo histórico e que o fazia já a partir de uma estratégia de apropriação crítica? Sara & André desenvolvem o essencial da sua carreira artística a partir da herança apropriacionista da arte contemporânea. Fazem-no num contexto de fim de ciclo, posterior às próprias premissas cínicas ou paródicas do apropriacionismo pós-modernoe introduzem um olhar de análise histórica e/ou sociológica sobre as diferentes realidades temáticas de que se apropriam.”
– João Pinharanda

“O espetro colorido das inúmeras coleções retratadas na frente de cada painel só se revelava plenamente depois de o espectador chegar ao fim da Galeria Quadrum, onde podia então refletir sobre os homens (e as mulheres) que estão por detrás das coleções. Estes permaneciam sombras negras. Um enigma e síndrome opaca: será possível resolvê-lo através da leitura deste livro?”
– Tobi Maier