Catálogo que documenta a exposição individual de Ilídio Candja Candja, Octopus e Miopia, com a curadoria de Rafael Bordalo Mouzinho, que esteve patente na Galeria Quadrum entre 24 de março e 27 de junho de 2021. Para além da documentação fotográfica das obras expostas, contém textos de Tobi Maier, Rafael Bordalo Mouzinho e Titos Moisés Pelembe.
“O título da exposição referencia o poder colonial através da metáfora de Octopus como o império português cujas forças chegam até às ex-colónias através dos seus tentáculos. Miopia por sua vez representa a dificuldade visual, contudo não se trata de doença mas de uma ocultação e camuflagem, nem tendência de encontrar um caminho que – nas palavras do artista – «favorece ambas as partes, o colonizado e o colonizador, e onde descolonizar significa criar um ambiente favorável para todxs».”
-Tobi Maier
“Cremos que não é necessário fazer uma longa dissertação para demonstrar que a religião tradicional em África, Moçambique em particular, forma um sistema. Com efeito, a exposição é uma singela demonstração deste facto, sobretudo na «descrição» dos elementos que compõem os diversos ritos, pois um rito pressupõe um princípio orientador que serve de ponto de referência, no qual esse rito encontra a sua explicação e força.”
-Rafael Bordalo Mouzinho
“De modo genérico, as sensações de movimentos vibratórios, ritmos, tensões, gravação de frases, rutura, subjetividade, espaços-fuga criados pelas linhas (ir)regulares, cores fortes, manchas, pontos, colagens, recortes recorrentes de planos e profundidades constituem o manancial dos elementos expressivos do universo pictórico do Candja Candja ainda em processo de desenvolvimento. Numa outra perspetiva, os aludidos elementos visuais expedem a dimensão da ancestralidade espiritual, sinfonias, gestos de um organismo em expansão. Com base nestes pressupostos levantam-se questões identitárias, problemáticas contemporâneas inerentes aos fluxos migratórios voluntários ou esforçados. O artista também faz questão de revisitar o naturalismo que caracteriza as pinturas rupestres como protesto para reforçar a sessão cósmica no seu trabalho.”
-Titos Moisés Pelembe