Este livro fez parte do projeto editorial do Africa.Cont, em parceira com a editora Sextante, chancela do Grupo Porto Editora. Em Poética da Relação, Édouard Glissant tece um conjunto de reflexões em torno da linguagem, a partir de processos de crioulização, multiculturalismo e mestiçagem em diversas formações culturais. Contém ainda um prefácio de José António Fernandes Dias, então coordenador do projeto Africa.Cont.
“Pretendemos assim chamar a atenção para uma obra e um autor muito pouco conhecidos entre nós, mas que têm um lugar cimeiro nos debates recentes, e nunca tão politicamente atuais, sobre o estudo crítico dos processos coloniais, dos seus efeitos e legados culturais nas sociedades e culturas colonizadas e colonizadoras, e sobre a interpenetrabilidade cultural que caracteriza o nosso mundo globalizado.”
– José António Fernando Dias
“Se postulamos a mestiçagem como, em geral, um encontro e uma síntese entre dois diferentes, a crioulização surge-nos como a mestiçagem sem limites, cujos elementos são desmultiplicados, e as resultantes imprevisíveis. A crioulização difrata, ao passo que certos modos de mestiçagem podem voltar a concentrar. Está aqui votada ao estilhaçar das terras, que já não são ilhas. O seu símbolo evidente é a língua crioula, cujo génio consiste em abrir-se sempre, ou seja, em só se fixar segundo sistemas de variáveis que teremos tanto de imaginar como definir. A crioulização conduz-nos assim à aventura do multilinguismo e à explosão inaudita das culturas. Mas a explosão das culturas não significa a sua dispersão nem a sua diluição mútua. Trata-se da marca violenta da sua partilha consentida, não imposta.”
– Édouard Glissant