Catálogo da exposição antológica Todos os Títulos Estão Errados de Paulo Quintas, que esteve patente no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, entre 24 de fevereiro e 30 de abril de 2018, com curadoria de Isabel Carlos. A publicação contém textos de Sara Antónia Matos, Isabel Carlos e Rui Chafes, a reprodução fotográfica das obras expostas, incluindo vistas de exposição, e a biografia com o percurso expositivo completo do artista.
“Na pintura de Paulo Quintas também não há figuração humana e a rarefacção da figura, em geral geométrica e abstracta, a dissolução ou erosão das formas nas superfícies pictóricas parecem ser marcas da sua obra – o que me leva a dizer que a pintura de Paulo Quintas é tocada pela índole da morte e da anulação. Tudo nela é da ordem da erosão, tudo tende a desaparecer e como que a desfazer-se na superfície da tela, tudo nela remete para a dissolução espacial.”
-Sara Antónia Matos
“A designação da exposição impôs-se, assim, com uma clareza tão luminosa quanto cortante: «Todos os títulos estão errados», ou poderíamos dizer o seu contrário, todos os títulos estão certos. A intenção é propositadamente instalar uma espécie de desconforto com as afirmações, as nomeações, as sínteses, as grandes definições e os sistemas fechados: «Gosto de dizer uma coisa e o seu contrário. Os fragmentos estão cheios de identidade» (PQ).”
-Isabel Carlos
“A ética destas pinturas é uma ética dura, de secura, de deserto ardente. Ter a coragem de oferecer apenas o que se tem: o deserto é apenas seco e duro. Estas pinturas não nos prometem nada, nem sugerem nada. Não são paisagens secas, são a secura. Não é o sol, é o deserto calcinado. Acredito nesta pintura como acredito na verdade: crua, dura, inevitável, incontornável, imutável e corajosa. É a pintura de quem sabe ver, ver e compreender tudo, de quem está afastado de si próprio e nunca jogou, porque sabe que o jogo é que precisa dele. É uma pintura que quer sempre partir do nada até conseguir apagar os vestígios da sua vontade.”
-Rui Chafes