O jornal TRAMA acompanha a exposição RESTO, do artista Ramiro Guerreiro, patente no Pavilhão Branco entre os dias 8 de julho e 4 de setembro de 2011. Apresenta textos do autor Ricardo Nicolau, do artista Pedro Barateiro e uma conversa entre Ramiro Guerreiro e a curadora independente Antonia Gaeta.
“Para começar, lembremo-nos que esta mostra assume o local onde é instalada como mais um elemento da exposição. O Pavilhão Branco no Museu da Cidade, em Lisboa, não é encarado por Ramiro Guerreiro enquanto receptáculo de peças, mas enquanto motor que vai orientar o espectador e acionar cada uma das obras – não sei sequer se devemos falar em obras (apesar de encontrarmos objetos com títulos definidos), de tal forma vejo esta exposição enquanto gigante instalação (voltarei a este assunto mais tarde).”
– Ricardo Nicolau
“A notícia falava de uma constatação que a equipa do museu tinha feito ao reparar que as obras de arte deste equipamento museológico estava a “desvanecer”. Prefiro não mencionar o nome do museu em questão, para salvaguardar a privacidade do mesmo, e para que este artigo não seja considerado má publicidade para a instituição. A verdade é que já passou bastante tempo desde o sucedido, mas não deixa de ser interessante pensar nas consequências que esta notícia teve na altura em que foi publicada, bem como fazer uma nova interpretação da mesma na actualidade. Foi por esse motivo que decidi escrever sobre ela.”
– Pedro Barateiro
“A. Um elemento a meu ver muito importante no teu trabalho é a SUSPENSÃO. Tenho um fascínio, que desde aqui te antecipo, pelo gabinete com os projectos em balsa, as prateleiras, a vitrina, etc. Parece-me uma obra suspensa no tempo. Esta suspensão cria mil perguntas, mas não necessita de nenhuma resposta ao mesmo tempo trata-se de uma experiência visual forte mas em suspensão entre objeto de arte e outra coisa qualquer.
R. Sempre pensei num ambiente em suspensão para esta exposição. Interessa-me a ideai de um espaço cuja vivência está altamente potenciada mas que não chega bem a ser activado. Há vários espaços da exposição (como a Sala de Leitura ou a Sala para Performance) em que o visitante, o observador e /ou actor integra a peça.”
– Antonia Gaeta e Ramiro Guerreiro