– 12.02.2023
A exposição Inquietação. Arquitetura e Energia em Portugal, com curadoria da common room (Lars Fischer, Bruxelas, e Kim Förster, Manchester) aborda o cruzamento da arquitetura com a energia no século XX, considerando as transformações atuais, e tomando Portugal como exemplo. A convite das Galerias Municipais de Lisboa, a exposição estará patente de 17 de novembro de 2022 a 26 de março de 2023 e contará com obras artísticas, arquitetónicas, arquivísticas e criativas que incidem sobre a relação entre a arquitetura e a energia num sentido mais lato.
Na era do Antropoceno, em que a humanidade atua em ciclos e sistemas com todo o seu poder e capital, a interface entre arquitetura e energia envolve mais do que apenas a energia operacional ou mesmo incorporada, ou soluções ativas e passivas. Perante a crise climática, a supressão progressiva dos combustíveis fósseis e o abandono do motor de combustão interna, a arquitetura desempenha um papel mediador, pois, com o seu foco em energias alternativas, a arquitetura é também uma forma de repensar a realidade sociocultural.
O trabalho dos dois arquitetos portugueses premiados com o Prémio Pritzker, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, fornece exemplos concretos de como o acesso à energia moldou o ambiente construído. Os primeiros projetos de Siza em Matosinhos/Porto, a sua projeção da orla costeira com a Casa de Chá da Boa Nova e a Piscina das Marés, bem como a marginal que liga ambos os espaços, encomendada pela indústria petrolífera, ou o projeto de Eduardo Souto de Moura para a barragem de Foz Tua, são apenas alguns exemplos.
Além disso, a própria Galeria Avenida da Índia e projeto urbanístico envolvente, na zona de Belém, são testemunhos da forma como a relação entre arquitetura e energia foi negociada, implementada, representada e recebida. A área urbana expõe a intensificação dos processos de urbanização e modernização, de densificação e de consumo de terra, que também contribuem para definir a grande aceleração ocorrida desde a década de 1950.
A presente exposição aborda diferentes formas de conhecer a relação entre arquitetura e energia. Através de contribuições individuais, são abordados três temas interligados: Petróleo-Urbanismo, a relação entre os combustíveis fósseis e o urbanismo; Energia Hidroelétrica-Infraestruturas, o papel mediador da arquitetura nas paisagens energéticas; Arquitetura-Metabolismo, tecnologias, materiais e processos modernos em edifícios.
Em exposição estarão obras conhecidas e novas encomendas da autoria de arquitetos e artistas locais e internacionais, as quais exploram questões locais utilizando diferentes formas de compreender e representar a energia, tanto construída como vivida, sempre em relação com materiais de arquivo.
Formas de representação como o mapa, a lista, a planta, o corte, a escultura, a fotografia, a composição e a instalação proporcionam múltiplos modos de receção, de forma a dar a conhecer um ambiente construído em Portugal, com os seus metabolismos energéticos, paisagens energéticas e infraestruturas energéticas.
A exposição é concebida pela common room em diálogo e intercâmbio com intervenientes locais e em relação com trabalhos sobre questões locais relevantes. As peças são apresentadas utilizando estruturas expositivas já existentes, havendo o mínimo de intervenção no espaço da galeria.
Os documentos de instituições locais, municipais e privadas, bem como os trabalhos individuais de ou acerca de Lisboa e o seu interior energético, mostram ao público quais os desafios e perspetivas com que hoje nos deparamos, num envolvimento energeticamente consciente com a arquitetura.
A exposição é acompanhada por uma publicação com ensaios de ateliermob, Lucinda Correia, João Duarte & Maria João Soares e Nuno Pinto & Iain Deas. Editado por Fischer e Förster e com design gráfico de Geoff Han, este livro será publicado conjuntamente pelas Galerias Municipais de Lisboa e a common room.
Esta exposição integra o Terra, 6ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa.
Biografias:
A common room é um ateliê de arquitetura igualmente dedicado à publicação e curadoria. É uma plataforma colaborativa sediada em Nova Iorque e Bruxelas.
Lars Fischer é arquiteto e membro fundador da common room. Leciona atualmente na Faculdade de Arquitetura – Campus Sint Lucas da KU Leuven, em Bruxelas, e na Peter Behrens School of Arts, em Dusseldorf, focando-se na mediação de uma arquitetura ecológica.
Kim Förster é historiador de arquitetura e, atualmente, professor na área de Estudos Arquitetónicos na Universidade de Manchester, onde integra o centro de investigação MARG (Manchester Architecture Research Group). Tanto na investigação como no ensino, foca-se na ecologização da arquitetura, histórias ambientais, culturas da energia e transição material, bem como numa abordagem ao cimento sob o ponto de vista das «humanidades arquitetónicas».
Descarregue aqui a Folha de Sala para Crianças.
– 12.02.2023