Inquietação. Arquitetura e Energia em Portugal

Lara Almarcegui, ateliermob, Christoph Brünggel, Nuno Cera, Marina Pinsky, Nuno Vasconcelos

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A exposição Inquietação. Arquitetura e Energia em Portugal, com curadoria da common room (Lars Fischer, Bruxelas, e Kim Förster, Manchester) aborda o cruzamento da arquitetura com a energia no século XX, considerando as transformações atuais, e tomando Portugal como exemplo. A convite das Galerias Municipais de Lisboa, a exposição estará patente de 17 de novembro de 2022 a 26 de março de 2023 e contará com obras artísticas, arquitetónicas, arquivísticas e criativas que incidem sobre a relação entre a arquitetura e a energia num sentido mais lato.

Na era do Antropoceno, em que a humanidade atua em ciclos e sistemas com todo o seu poder e capital, a interface entre arquitetura e energia envolve mais do que apenas a energia operacional ou mesmo incorporada, ou soluções ativas e passivas. Perante a crise climática, a supressão progressiva dos combustíveis fósseis e o abandono do motor de combustão interna, a arquitetura desempenha um papel mediador, pois, com o seu foco em energias alternativas, a arquitetura é também uma forma de repensar a realidade sociocultural.

O trabalho dos dois arquitetos portugueses premiados com o Prémio Pritzker, Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura, fornece exemplos concretos de como o acesso à energia moldou o ambiente construído. Os primeiros projetos de Siza em Matosinhos/Porto, a sua projeção da orla costeira com a Casa de Chá da Boa Nova e a Piscina das Marés, bem como a marginal que liga ambos os espaços, encomendada pela indústria petrolífera, ou o projeto de Eduardo Souto de Moura para a barragem de Foz Tua, são apenas alguns exemplos.

Além disso, a própria Galeria Avenida da Índia e projeto urbanístico envolvente, na zona de Belém, são testemunhos da forma como a relação entre arquitetura e energia foi negociada, implementada, representada e recebida. A área urbana expõe a intensificação dos processos de urbanização e modernização, de densificação e de consumo de terra, que também contribuem para definir a grande aceleração ocorrida desde a década de 1950.

A presente exposição aborda diferentes formas de conhecer a relação entre arquitetura e energia. Através de contribuições individuais, são abordados três temas interligados: Petróleo-Urbanismo, a relação entre os combustíveis fósseis e o urbanismo; Energia Hidroelétrica-Infraestruturas, o papel mediador da arquitetura nas paisagens energéticas; Arquitetura-Metabolismo, tecnologias, materiais e processos modernos em edifícios.

Em exposição estarão obras conhecidas e novas encomendas da autoria de arquitetos e artistas locais e internacionais, as quais exploram questões locais utilizando diferentes formas de compreender e representar a energia, tanto construída como vivida, sempre em relação com materiais de arquivo.

Formas de representação como o mapa, a lista, a planta, o corte, a escultura, a fotografia, a composição e a instalação proporcionam múltiplos modos de receção, de forma a dar a conhecer um ambiente construído em Portugal, com os seus metabolismos energéticos, paisagens energéticas e infraestruturas energéticas.

A exposição é concebida pela common room em diálogo e intercâmbio com intervenientes locais e em relação com trabalhos sobre questões locais relevantes. As peças são apresentadas utilizando estruturas expositivas já existentes, havendo o mínimo de intervenção no espaço da galeria.

Os documentos de instituições locais, municipais e privadas, bem como os trabalhos individuais de ou acerca de Lisboa e o seu interior energético, mostram ao público quais os desafios e perspetivas com que hoje nos deparamos, num envolvimento energeticamente consciente com a arquitetura.

A exposição é acompanhada por uma publicação com ensaios de ateliermob, Lucinda Correia, João Duarte & Maria João Soares e Nuno Pinto & Iain Deas. Editado por Fischer e Förster e com design gráfico de Geoff Han, este livro será publicado conjuntamente pelas Galerias Municipais de Lisboa e a common room.

Esta exposição integra o Terra, 6ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa.

Biografias:
A common room é um ateliê de arquitetura igualmente dedicado à publicação e curadoria. É uma plataforma colaborativa sediada em Nova Iorque e Bruxelas.

Lars Fischer é arquiteto e membro fundador da common room. Leciona atualmente na Faculdade de Arquitetura – Campus Sint Lucas da KU Leuven, em Bruxelas, e na Peter Behrens School of Arts, em Dusseldorf, focando-se na mediação de uma arquitetura ecológica.

Kim Förster é historiador de arquitetura e, atualmente, professor na área de Estudos Arquitetónicos na Universidade de Manchester, onde integra o centro de investigação MARG (Manchester Architecture Research Group). Tanto na investigação como no ensino, foca-se na ecologização da arquitetura, histórias ambientais, culturas da energia e transição material, bem como numa abordagem ao cimento sob o ponto de vista das «humanidades arquitetónicas».

Descarregue aqui a Folha de Sala para Crianças.

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Programa Público

Data
Título
Com/de
Categoria
Local
20221117
17.11.2022
Turbulent Currents
Christoph Brünggel
Ativação de obra
Galeria Avenida da Índia
20221119
19.11.2022
Ansiedade energética
common room (Lars Fischer, Kim Förster)
Visita Guiada
Galeria Avenida da Índia

Publicação

Título
Textos de
Inquietação. Arquitetura e Energia em Portugal
Tobi Maier, Lucinda Correia, Nuno Pinto, Iain Deas, Maria João Soares, João Miguel Duarte, ateliermob, Ana Catarino, Lars Fischer, Kim Förster.