– 18.09.2022
Ato 1, a começar pelo começo. Haiti, ou melhor, Ayiti, que quer dizer “terra elevada“, foi por milhares de anos uma Meca, território sagrado, lugar de carregos e descarregos cósmicos para os povos Taino, Arawak, Marien, Magua, Maguana, Higuey, Xaragua, Ciboney, Lokono, Inwiti, Lucumi, entre tantes outres. Foi lá também que tribos européias invadiram, em 1492, dando inicio a hecatombe da colonização e Maafa. Entre as multitudinárias e continuas revoltas que marcaram esses últimos 530 anos, destaca-se Bwa Kayiman, um congresso, conselho de guerra, encontro de dança e cerimônia Vodou, múltiplo no espaço e no tempo, convocado por uma sacerdotisa africana, que deu início à vitoriosa Revolução do Haiti, em 1791. Com a Revolução Haitiana, projetos e fantasias de emancipação, mistè, e resistência anticolonial convergiram em uma ilha. Mas a abrangência desse imaginário ressoa para muito além desde então. As lutas por liberdade do Rio de la Plata a Nova Orleans também tiveram sua gênese no Haiti. Esse programa ambiental presta homenagem à história de resistência e à riqueza cósmica da ilha do AYITI. AYIBOBO!
– Cecilia Lisa Eliceche e Leandro Nerefuh
haitioayiti.com
oferenda de dança / dance offering
21.05
18h-21h
YENE – experiência de dança em homenagem a riqueza cósmica do Haiti, parte 1 de 3. YENE é uma entidade Austral/Astral que, com sua imensidão, cruza oceanos e navega entre mundos como um farol.
4.06
14h – 18h
LABALÈN – experiência de dança em homenagem a riqueza cósmica do Haiti, parte 2 de 3. LABALÈN é o grande invisível, mistè, das profundezas dos mares e celestial, primeira astrônoma e poeta cósmica.
25.06
14h-18h
LASIRÈN – experiência de dança em homenagem a riqueza cósmica do Haiti, parte 3 de 3. LASIRÈN personifica as extremidades cabalísticas da água ou das ondas, tanto aquáticas quanto musicais. Representa o mistério da música sagrada.
Dança (kulev yo): Cecilia Lisa Eliceche, Admila Cardoso, Emily da Silva
Guardiães: Leandro Nerefuh e Bazou Toya
Leandro Nerefuh (M’Boygy, 1975) é perambulero, costureiro, e poeta aprendiz. Autoinscrito na tradição construtivista brasileira. Desde 2009, desenvolve seu método de tradução formal de narrativas históricas em roteiros e ambientes ligados as geografias da Améryqa e Carybe.
Cecilia Lisa Eliceche (Wallmapu, 1986) é mãe, dançarinx, coreógrafx e campesinx. Elx é atravessadx por mais de 500 anos de colonialismo em Abya Yala e inspiradx por tempos ancestrais fora da linearidade. Entre seus trabalhos, incluem-se “Unison”, “The Ghost of Lumumba”, “Caribbean Thinkers for a New Europe” e “Haiti o Ayiti”. Cecilia agradece a Houngan Jean-Daniel Lafontant, Egbomi Nancy de Souza, Janet Panetta, Weichafe Moira Ivana Millan, Heather Kravas, Leandro Nerefuh e Dr.Kyrah Malika Daniels por influenciarem profundamente quem elx é e o trabalho que faz.
Emily da Silva (Porto Alegre, 1997) é artista independente. Iniciou seus estudos em dança na periferia de Porto Alegre. Durante a adolescência direcionou seus estudos para a Dança Contemporânea. Em 2019 mudou-se para o Norte da Ilha de Chipre, onde aprofundou seus estudos em improvisação, técnica e autonomia na dança. Em 2020 mudou-se para Portugal. Residente em Lisboa, acredita num caminho periférico, independente e coletivo para seguir a construção de uma trajetória artística. Atualmente, é integrante do Coletivo SELVA formado por artistas imigrantes emergentes em Portugal.
Admila Cardoso (Cabo Verde, 1996) é uma entusiasta da Natureza e criação. Curiosa e fã da experimentação em diversas áreas. Em trabalhos, participações/formações com o Teatro e a Dança também em áreas como Cozinha, Empreendedorismo Social e Natureza Regenerativa, Horta em Permacultura, Design e Construção Sustentável, Cerâmica.
Descarregue aqui a Folha de Sala para Crianças.
– 18.09.2022