Catálogo que documenta as exposições Canal Caveira, que decorreu no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional entre 15 de novembro de 2015 e 20 de março de 2016, e Sala dos Gessos, que esteve patente no Curto Circuito, Espaço Arte-Tecnologia, no Museu da Eletricidade, entre 11 de março e 22 de maio de 2016. Ambas contaram com obras de António Bolota, Bruno Cidra, Gonçalo Barreiros e Gonçalo Sena. A publicação contém documentação fotográfica de ambas as exposições, um texto de Jorge André Catarino, e correspondência trocada entre Ana Anacleto, João Pinharanda, comissários da exposição no Museu da Eletricidade, e João Mourão, comissário da exposição Canal Caveira.
“Canal Caveira é um lugar improvável, fiel à lógica de cadáver esquisito que lhe compõe o nome, um par de elementos estranhos mas subitamente concordantes. É um sítio não definitivo, onde se está sempre a caminho de: uma terra a despegar-se para se fazer em estrada; uma estrada que lentamente abranda o seu curso para se fixar como terra. É nesta estranheza e indefinição, na sua qualidade atípica, que reside a sua vitalidade.”
– Jorge André Catarino
“Este primeiro momento de fruição é, no caso destes quatro artistas, um momento de ampla comunhão. A forma interessada e generosa como observam as criações uns dos outros, o modo como intervêm nos processos técnicos uns dos outros, a disponibilidade que demonstram no questionamento de certos aspectos conceptuais em relação a obras acabadas, ou ainda em processo de execução, coloca-os de facto, diria, num território de partilha próximo da ideia de comunidade de que o João Mourão falava.”
– Ana Anacleto
“Acredito cada vez mais numa possibilidade de trabalho mais lenta, numa curadoria lenta, num fazer com tempo e com os artistas. Dos modelos que tenho testado e, obviamente consoante os projectos, agrada-me esta possibilidade de os artistas se confrontarem com o espaço, de terem tempo de produzir nesse espaço e de lhe responderem/ se confrontarem.”
– João Mourão
“Regresso, então, ao material: o que coincide nos históricos citados e nos “nossos” artistas é esse lugar primordial conquistado pela matéria de/no trabalho, o modo como ela condiciona os resultados da forma (representativa ou não, mimética ou não, abstracta ou não), assim como os jogos que estabelece, quer com as vertentes visuais e sensoriais do trabalho (dos artistas com ela) e da recepção pelo público (a partir dela), quer com valores semânticos que as peças (neste ou naquele material) adquirem ou desencadeiam.”
– João Pinharanda