Catálogo da exposição Cemitério das Âncoras, um projeto dos artistas Veronika Spierenburg e Nuno Barroso, que esteve patente na Galeria da Boavista entre 13 de abril e 20 de junho de 2021. Inclui fotografias da exposição e textos de Tobi Maier e Catarina Alves Costa, assim como transcrições que partem de testemunhos orais, gravados entre 2017 e 2021, de membros das comunidades piscatórias que os artistas investigaram nas costas de Portugal.
“A exposição Cemitério das Âncoras também toma o mar como o seu ponto de partida, mas concentra-se explicitamente na indústria pesqueira portuguesa. Desde 2017, a dupla de artistas Veronika Spierenburg e Nuno Barroso percorre as costas de Portugal numa tentativa de pesquisar e documentar o passado, o presente e potencial futuro dos pescadores neste país. Estas viagens de investigação levaram os artistas de A-Ver-O-Mar à Praia do Barril, onde se encontra o Cemitério das Âncoras que deu o título à exposição”
– Tobi Maier
“Sabemos que uma das principais características da fotografia é o processo pelo qual os usos originais são modificados e, por fim, suplantados por consequentes reapropriações – de modo mais notável, pelo discurso da arte, no qual qualquer foto pode ser absorvida. Desta exposição fazem parte, para além das fotografias reapropriadas, reencenadas e recompostas, cujo processo tentei desvelar, também objetos, peças de cariz etnográfico como a poita de pedra e um chapéu pintado – um objeto funcional versus um objeto singular. Aqui as coisas escolhidas parecem jogar com uma duplicidade: por um lado, a ideia da procura de uma recorrência, de uma evidência daquilo que permanece na cultura popular, no coletivo e, por outro lado, uma singularidade: o chapéu que alguém um dia decidiu pintar. Nessa pedra que serve de âncora, a forma segue a função, no outro objeto, é o oposto.”
– Catarina Alves Costa