Catálogo concernente à exposição Objectos Imediatos de José Pedro Croft, que esteve patente na Galeria Torreão Nascente da Cordoaria Nacional e na Fundação Carmona e Costa, entre 24 de outubro de 2014 e 11 de janeiro de 2015. Com ensaios do curador da exposição Delfim Sardo e dos autores Amador Veja e João Silvério.
“O objecto escultórico, essa estranha entidade ao mesmo tempo figura e bateria, afirma-se na medida em que instaura o lugar da sua representação por “absorção” – quase ironizando sobre vaxata quaestio da forma e da autonomia do objecto escultórico, afastando do seu campo de activação os prolegómenos modernistas a toda a arte futura e, paradoxalmente, trazendo ostensivamente a ficção do objecto escultórico como um objecto imediato, que exclui claramente a mediação da metáfora, da alusão.”
– Delfim Sardo
“A obra de arte é uma prova de estado da verdadeira vida, da vida nascida espiritualmente, sempre de novo. É a prova de que a única coisa transitória é a vida entendida como um estar. A obra de arte, porém, oferece a dimensão ontológica da vida ao situar o ser no seu mais arriscado andamento: aquele em que se desprende do irreversível, do silêncio, da densidade opaca do vazio, para vir a tornar-se na nave volante que é a escultura de Croft.”
– Amador Vega
“A exposição de José Pedro Croft poder ser entendida como um ensaio em dois tomos. Dois espaços de trabalho que se cruzam e perseguem continuamente, correspondendo-se na unidade do tempo que a amplitude da sua obra unifica. A sua materialização bidimensional e tridimensional conduz o observador a um contínuo movimento do corpo, seja este provocado pelo encontro com o desenho, a escultura, a gravura, o livro ou a assunção da imagem como matéria e memória da acção do artista.”
– João Silvério