Tambor

Armanda Duarte

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O portão do pátio abre-se para o jardim que é dividido em duas partes por um caminho recto. Do lado esquerdo, concentram-se as árvores, do lado direito, um extenso relvado separado da grande circular por um muro alto.
O som proveniente da segunda circular é regular e constante. Não tem intervalo.
No lado esquerdo, o chilrear dos pássaros e, por vezes, os gritos dos pavões, atravessam o rumor permanente, criando uma espécie de breves buracos sonoros.
Apercebo-me que há sons dominantes e sons dominados, que há tensão e conflito no universo sonoro.
Descubro noções que me interessam: as de son masquant (o som perturbador) e son masqué (o som perturbado).

Situado na periferia da zona do jardim onde vivificam as árvores, habitam e pernoitam as aves, o pavilhão branco, com fachadas quase completamente envidraçadas, funciona como um grande corpo, atento e aberto ao exterior.
Com os acessos e zona de serviços no centro, o edifício desenha-se, simetricamente, funcionando a zona central como uma espécie de fulcro.
No piso 1, o espaço oferece-se, generosamente, à copa das árvores, como se um palco fosse.

Interessou-me, transportar para o interior do espaço branco, duro e simétrico, uma ideia de desequilíbrio.
Surge, desse modo, a peça que dá nome à exposição. Embora de expressão discreta, é um desenho que se desenvolve pelo interior do pavilhão e, que, no piso 0, accionado pelo público, provoca vibração e desencadeia um som audível por todo o espaço.

Funcionando como interruptor, há outra peça, um pequeno espaço (apropriação de um outro, estrutural, mas, na altura, em disfunção), que pretende funcionar como uma entrada mais funda no corpo permanente do edifício e do breve e ligeiro corpo sonoro.

-Armanda Duarte, novembro de 2015

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Publicação

Título
Textos de
Tambor
Armanda Duarte, Nuno Crespo