– 24.10.2021
16h30-18h
24.10
11h30-13h
Numa época em que a acção humana no mundo adquiriu uma força geológica, cada vez mais somos confrontados com o desejo de reparar o que é destruído. Reparar normalmente envolve a ideia de recuperar, de re-instalar algo que foi perdido. Num mundo à deriva, o perigo de sua perda total pela extinção dos recursos naturais coloca-nos no grande dilema de lidar com algo para além de nós mesmos, para além de nossa compreensão. O artista, mais do que qualquer outro, ao longo da história lidou com o sublime da natureza e os seus abismos inexpugnáveis em seus sentidos e emoções. Testemunhas de um tipo, os artistas decantam o efêmero através das suas obras.
COBERTOS PELO CÉU é um projecto que une as artes performativas às visuais na relação entre arte e paisagem, entre discurso poético e experiência de mundo, com vista à criação de uma colecção de instalações e performances concebidas pelo coreógrafo Gustavo Ciríaco em colaboração e diálogo com artistas de Portugal, Alemanha, Brasil, Argentina, Reino Unido e Chile.
O projecto toma como desafio inventar maneiras de traduzir e re-instalar experiências de paisagem, assumindo como desafio a possibilidade de proporcionar ao público uma visão privilegiada da fabricação de espaço por artistas singulares de diversos campos da arte, da música à fotografia, da dança às artes visuais.
Pensado para o espaço público interior (halls, galerias) e exterior (pátios, parques ou jardins), o conjunto de instalações interactivas e performances convidam o visitante a re-experienciar sensorialmente paisagens marcantes vividas por artistas.
O projecto visitará as experiências dos artistas portugueses Jonathan Uliel Saldanha (Música/PT), Miguel Palma (Artes Visuais/PT), Cláudia Dias (Dança/PT), João Gabriel Oliveira (Pintura(PT), dos artistas brasileiros Luciana Lara (Dança/PT), Michelle Moura (Dança/BR), João Saldanha (Dança/BR), das argentinas Ana Laura Lozza e Barbara Hang (Dança/AR), da chilena Javiera Péon-Veiga (Dança e Performance/CL). Ao mergulhar nas obras e em diálogos com artistas europeus e latino-americanos, o desejo é tornar visível e experiencial o processo dinâmico através do qual são criadas as suas arquitecturas efémeras particulares e ajudar a repensar o inominável que elas convocam. Estes artistas, apesar de actuarem de modos tão distintos entre si e em diversos campos da arte, possuem um traço que os reúne: a noção de território, a sua transformação poética em direcção a um universo próprio.
Nesta edição do Temps d´Images, inauguramos a segunda obra da colecção, a performance PAISAGEM EM LINHA, a partir da experiência da coreógrafa brasileira Luciana Lara.
Paisagem em Linha
Performance duracional
Do planalto central brasileiro para o desfiladeiro montanhoso da Serra da Mantiqueira, da cidade planeada para o mundo dos volumes naturais, as férias de verão iniciavam-se com o trajecto por relevos escarpados, mata densa, rodovias com o céu azul a emoldurar os contornos de um desenho em precipício. Entre a fabulação da arquitectura utópica de Brasília e os contornos do mundo natural, a linha unia-os em traço, compartimento e caminho.
Numa galeria, um grupo de performers activa, através de um jogo, as linhas de uma paisagem no plano horizontal do chão.
Gustavo Ciríaco
Gustavo Ciríaco (Rio de Janeiro/BR) é coreógrafo e artista transdisciplinar, cujo trabalho transita entre as artes performativas e as artes visuais, a performance, a arquitectura, a antropologia e as artes da paisagem. As suas obras foram vistas em festivais como Crossing the Line/Nova Iorque; Casa Encendida/Madri; Museu Serralves/Porto; Mercat de Flors/Barcelona; Paris Quartier d´Été; Ferme de Buisson/Paris; Al-Mammal Foundation/Jerusalém; Walk & Talk Arts Festival/Ponta Delgada; London Festival; Frankfurt Schauspiel/Francoforte; Battersea Arts Centre; Laban Centre/Londres; Alkantara, TNDM II; Culturgest; Fundação Gulbenkian, Teatro Maria Matos/Lisboa; Arqueologías del Futuro/Buenos Aires; Tokyo Wonder Site/Tokyo; Taipei Digital Art Center/Taipei; Haus der Kulturen der Welt; Tanz im August/Berlim; Panorama, Centro Cultural do Brasil, Rio Cena Contemporânea, Atos de Fala/Rio de Janeiro; FADJR/Teerão; SESC São Paulo; Itaú Cultural/São Paulo; LIverpool Biennial/Liverpool; NAVE/Santiago, San Art/Saigão, FIDCU/Montevidéu; Salon 44/Pereira; Fabric/Fall River.
Luciana Lara
Luciana Lara (Niterói/BR) é artista criadora da dança contemporânea, fundadora, coreógrafa e diretora da Anti Status Quo Companhia de Dança (1988). Atua, também, como pesquisadora, professora e dramaturgista. Mestre em artes pela Universidade de Brasília – Unb. Especialização em coreografia e coreologia no Laban Centre em Londres (1996-1998). Graduada em Licenciatura em Artes Cénicas pela Faculdade de Artes Dulcina de Morais.
O seu trabalho é reconhecido pelo hibridismo, a experimentação, a pesquisa de linguagem, abordagem transdisciplinar com campos não artísticos e diálogo com as artes visuais. Principais estudos: dramaturgia, processos criativos, a relação corpo – cidade e novos suportes e formatos (instalação coreográfica, intervenção urbana, site specific, internet e livros/publicações).
Criou mais de 20 obras para a A.S.Q. Cia de Dança. Últimos trabalhos de destaque: De Carne e Concreto – Uma Instalação coreográfica, Camaleões, Sacolas na cabeça e Microutopias Cotidianas Aglutinantes do Lugar. Desenvolve projetos de arte-educação, transformação de plateia e formação de intérpretes e criadores. É autora do livro Arqueologia de um processo criativo – Um livro Coreográfico.
Tem actuado nacional e internacionalmente em festivais como BITEF – Belgrade International Theater Festival/Belgrado, DDD + FITEI, Porto, Mladi Levi International Festival, Ljubljana, Zurich Moves!, Zurique, FIAC Bahia; Festival Internacional Vivadança/Salvador, Bienal de Dança do Ceará – De par em par, Fortaleza, Festival Panorama/Rio de Janeiro, MITSP; Modos de Existir/São Paulo, Cena Contemporânea – Festival Internacional de Teatro de Brasília, Movimento Internacional de Dança – MID, Mostra de Dança XYZ, Festival Internacional da Novadança, Festival Expande Dança, Marco Zero – Festival Internacional de Dança em Paisagens Urbanas/Brasília, Bienal SESC de Dança/Campinas, Festival do Teatro Brasileiro de Teatro, FITAZ – Festival Internacional de Teatro de La Paz/La Paz.
– 24.10.2021
16h30-18h
24.10
11h30-13h