A Galeria Quadrum foi fundada por Dulce d’Agro em 1973. Pioneira no contexto português, o trabalho da d’Agro na Galeria Quadrum ajudou muitos artistas a prosseguirem as suas carreiras e também profissionais do sexo feminino a estabelecerem-se como comerciantes de arte no mundo artístico de Lisboa.
Na mesma altura em que d’Agro fundou a sua galeria em Alvalade, As Três Marias – Maria Isabel Barreno (1939-2016), Maria Teresa Horta (1937) e Maria Velho da Costa (1938-2020) – estavam em julgamento na Boa Hora, na Baixa Lisboeta, por publicarem literatura alegadamente imoral e pornográfica: As Novas Cartas Portuguesas (1972).
Durante a repressão do Estado Novo, as mulheres organizaram o envio do seu livro a Simone de Beauvoir (1908-1986), Marguerite Duras (1914-1996) e Cristiane Rochefort (1917-1998) em Paris. Lá, Beauvoir estaria a trabalhar com um grupo de mulheres brasileiras (entre elas as actrizes Norma Bengell e Gilda Grillo, bem como a psicóloga Danda Prado), para traduzir o livro para francês, aumentando assim a atenção internacional e protestando contra o julgamento.
A exposição “Novas Novas Cartas Portuguesas” nas Galerias Municipais – Galeria Quadrum parte da dinâmica dos anos 70 e é introduzida através do filme “Les trois Portugaises” (1974) – produzido por Delphine Seyrig em colaboração com Carole Roussopoulos e Ioana Wieder – que documenta as acções de apoio. Apresentando um leque diversificado de obras de artistas portugueses e brasileiros, a exposição celebra as realizações de várias ondas de feminismo até hoje.