Catálogo bilingue da exposição Hoje, nada de Daniel Blaufuks, que esteve patente na Galeria Pavilhão Branco, entre 22 de setembro e 24 de novembro de 2019. Acompanhando as vistas de exposição, aqui reúnem-se textos do diretor das Galerias Municipais Tobi Maier, do curador Sérgio Mah, do artista plástico Rui Chafes, e do escritor João Miguel Fernandes Jorge.
«Nos últimos vinte anos, a obra do artista continuou a evoluir por vários caminhos, porém, a sua devoção à investigação e representação de momentos privados, bem como do tempo histórico, tem permanecido constante. Assim, a posição crucial na prática de Blaufuks deve-se também ao seu envolvimento com a memória coletiva, em destaque na exposição Hoje, Nada (…).»
– Tobi Maier
«Todas estas imagens do quotidiano parecem conter pouco, têm pouco para mostrar ou contar. Absoluto logro. Cabe-nos perguntar: que experiência do real nos é suscitada por cada imagem, quando nada parece acontecer? Como é que a imagem nos olha e nos indexa a um passado? De que modo cada imagem nos projecta para além do visível, para além do representável?»
– Sérgio Mah
«O mundo à sua volta, todas aquelas luzes tremeluzentes e o fluxo contínuo de gente, tudo isso lhe pareceu repentinamente mais efémero e frágil do que nunca. Sentiu-se abandonado. Naquele momento, tudo lhe parecia ter uma existência fugaz, uma ilusão fugidia.»
– Rui Chafes
«Aquele que escreve. E a fotografia é, entre as artes visuais, a par do cinema, a melhor escrita; o que escreve e espera momentos de oportunidade para actuar; aguarda o melhor tempo, a melhor luz, a exacta sombra. Blaufuks escreve fotografia sobre uma arte da duração, sobre um tempo largo; e abre em luminosidade, isto é, em redução simbólica, o instante, o objecto – o copo de leite – transformação silenciosa.»
– João Miguel Fernandes Jorge